Letícia Costa Feiteira
This article presents an analysis of the novel The Cave (2000), by José Saramago, in the light of concepts present in "Arte poética I", by the Portuguese writer Sophia de Mello Breyner Andresen, according to the research model proposed by Gagliardi (2018). In his late-century novel, Saramago portrays a community of characters based on the exchange of authentic experiences (Benjamin, 2012), in which the clay is a central element for them, as it provides a connection, as in Sophia's text, between individuals and nature. In (post-)modernity, the imbalance in the relationships between beings and things, which come to be valued, according to Benjamin's perspective, predominantly from their utility to the detriment of the art involved in their production, is a threat to the survival of the small group of characters in the novel. In contrast, the clay pitcher will be the symbol of the connection between members of the Algor family and of their resistance to the perilous present times.
Este artigo propõe uma leitura do romance A caverna (2000), de José Saramago, a partir da formalização de conceitos presentes na "Arte poética I", da escritora portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen, seguindo o modelo de investigação proposto por Gagliardi (2018). Em seu romance finissecular, Saramago constrói uma comunidade de personagens fundada no intercâmbio de experiências autênticas (Benjamin, 2012), na qual o barro é um elemento central por proporcionar uma religação, tal como no texto de Sophia, entre os indivíduos e a natureza. Na (pós-)modernidade, o desequilíbrio nas relações entre os seres e as coisas, que passam a ser valorizadas, segundo a perspectiva benjaminiana, predominantemente a partir de sua utilidade, em detrimento da arte envolvida em sua produção, é uma ameaça para a sobrevivência do pequeno grupo de personagens do romance. Em contrapartida, o cântaro de barro será o símbolo da ligação entre membros da família Algor e da sua resistência ao presente turbulento.