Vera Lopes da Silva
A obra do autor português José Saramago evidencia uma voz autoral revolucionária. Este artigo tem como objetivo refletir acerca desse perfil, por meio da análise de sua produção não literária e literária. O estudo coteja as duas searas, de modo a traçar a atuação revolucionária que se manifesta em ambas de forma intrínseca e dialética. Também descreve procedimentos discursivos que revelam a comunhão entre o homem e sua obra, que se plasmam a partir do compromisso político anticapitalista que Saramago assume como homem indissociável do escritor. A conclusão revela a escrita saramaguiana como uma práxis revolucionária. Para realizar a investigação, tomamos como ponto de partida o conceito de revolucionário, conforme Antonio Gramsci; respaldamos as reflexões na teoria dos tipos de discursos, especialmente o conceito de polêmica, de acordo com Mikhail Bakhtin; e orientamos a leitura pelo pensamento de Karl Marx e Friedrich Engels sobre capitalismo.
The work of Portuguese author José Saramago highlights a revolutionary authorial voice. This article aims to reflect on this profile through the analysis of his literary and non-literary production. The study compares these two areas in order to outline the revolutionary action that is intrinsically and dialectically manifested in both. It also describes discursive procedures that reveal the communion between the man and his work, which are shaped by the anti-capitalist political commitment that Saramago assumes as a man inseparable from the writer. The conclusion presents Saramago’s writing as a revolutionary praxis. In order to conduct this investigation, we took Antonio Gramsci’s concept of revolutionary as a starting point; we based our reflections on the theory of discourse types, especially Mikhail Bakhtin’s concept of polemic; and we guided our reading by the thoughts of Karl Marx and Friedrich Engels on capitalism.