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Partindo de manifestações de autores representativos das duas últimas décadas, o ensaio aborda aspectos relevantes da recente poesia brasileira. Segundo seus criadores, ela vive ainda à sombra de mestres do passado, como Fernando Pessoa, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Oswald de Andrade, Murilo Mendes, João Cabral de Melo Neto e poetas concretos como os irmãos Augusto e Haroldo de Campos e Décio Pignatari, sem que se detecte uma poética redutível a um referencial teórico ou a parâmetros comuns. O caráter plural de nossa poesia convive, entretanto, com alguns traços dominantes, como a ênfase no artesanato verbal, a tendência à re-escrita, ao hermetismo, à ironia e à problematização do eu. Em alguns poetas, manifesta-se, por outro lado, certa recusa ao mero ludismo verbal, alheio à expressividade e ao pacto de comunicação com o leitor. Finalmente, há de se notar uma relação especial da poesia com outras manifestações artísticas, sobretudo o vídeo e a instalação. Na interface entre o verbal e o visual, emergem novas percepções de metáforas, formas e sentidos.
