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Ernesto Guerra da Cal anunciou em diferentes ocasiões entre 1958 e 1975 a intenção de dedicar a Machado de Assis um estudo na linha do que publicara em 1954 sobre Eça de Queirós. Não fez esse trabalho, mas manteve a expectativa e afinal esse projeto frustado pôde ser a causa de que não se realizasse para o produtor brasileiro um estudo de teor estilístico-comparativo como o modelo inicialmente proposto por Guerra da Cal. Demonstra-se assim a importância que para determinados agentes de um campo cultural e para alguns dos fabricadores de determinadas ideias nesse campo sobre a nação, o prestígio, etc., tem uma eventual intervenção canonizadora como a de Guerra da Cal, bem como o papel relevante que, em determindas e para determinadas comunidades ou segmentos importantes das mesmas pode vier a ter a literatura como mecanismo de coesão social/nacional e de orgulho9 pátrio. O objectivo de equiparação de Machado com Eça, para usufruir de uma alta e central posição que teria alcançado já Eça, supõe que a "carência" desse estudo por parte de Machado iria no seu prejuízo comparado com Eça, que sim a tinha, vindo de um crítico/agente de campo altamente consagrado como Guerra da Cal
