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O romance Vinte e Zinco (Abril, 1999) de Mia Couto constitui uma das obras mais brutais e politicamente críticas do autor, na medida em que nele se confrontam dois impulsos contrastantes: a nostalgia por uma felicidade passada e a necessidade de apagar memórias traumáticas. Nele se confrontam também e expandem em paralelo o pânico crescente por parte dos agora redundantes administradores coloniais portugueses e o entusiasmo que cada vez mais enche os corações dos nacionais moçambicanos. Apesar de configurar um importante comentário à transição da colónia para a república, focando um período de onze dias em 1974, o romance tem recebido menos atenção crítica do que a generalidade dos contos e romances de Mia Couto. O presente artigo propõe-se analisar os mecanismos que ajudam as personagens ora a recordarem ora a esquecerem.
