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A partir da análise demorada duma crónica de Mia Couto que relata o derrube, na véspera da independência de Moçambique, da estátua de Mouzinho de Albuquerque, um dos 'heróis' da colonização portuguesa oitocentista, derrube este que se afigura como simbólico da transição política em curso, o presente artigo propõe uma leitura dos momentos de ruptura e ambivalência aflorados nesse texto com respeito à formação duma identidade e projecto nacionalistas putativamente homogéneos. Tal leitura permite-nos simultaneamente esboçar uma definição da pós-colonialidade moçambicana que coloca implicitamente em questão as hipóteses avançadas em anos recentes de que a diferença do colonialismo português se repercute necessariamente na diferença do pós-colonialismo lusófono.
