Gabriela Guimarães Gazzinelli
Este ensaio propõe ser o impulso colecionador um princípio estruturante da obra de Dalton Trevisan, integrada por coleções de contos, microcontos, haicais e poemas. Segundo Walter Benjamin, "a existência do colecionador é uma tensão dialética entre os pólos da ordem e da desordem". A fim de ordenar a desordem das histórias acumuladas, Trevisan elege recortes temporal, espacial e temático claros em sua atividade de colecionador. Seus contos se passam, principalmente, em Curitiba, no presente ou no passado recente da narrativa. Nesse cenário, as personagens vão inventariando vícios morais e taras eróticas, sendo a polimorfia sexual e a violência dois temas recorrentes em seu projeto poético. Entre essas personagens figuram diferentes tipos de colecionadores que estabelecem uma relação de posse com o outro ao coligir vidas, prazeres, sentimentos, perversidades. São emblemáticos, nesse sentido, os vampiros de toda natureza: parasitas sentimentais, sanguessugas, predadores sexuais, vigaristas e exploradores. As coleções de Trevisan têm ainda outro elemento de coesão: são enquadradas afetivamente pelo narrador, que concede valor sentimental às estórias nelas reunidas.