Brasil
The "sertão" is represented more as a "geographic ideology2 than a space geographically delimited. Its conception is elusive, dependent on the historical context and formulated from an exogenous perspective- the urban men perception. Influenced by the positivist ideas of "order and progress", the Brazilian intellectual elite in the late 19th Century understood the countryside was a threat to the urban development. Some Brazilian writers, reproducing these ideals, broached the sertão through urban lens, depicting it as a primitive, superstitious place, where a wild and racial mixed population lives. Thereby, a great amount of narratives describes the sertão as a locus horribilis, where human and supernatural atrocities take place, bringing the Brazilian regionalist literature very close to the Gothic aesthetic. As the wilderness is pictured as a threat to the city order, the Brazilian Literature resembles the Colonial Gothic, which describes the colonial cultures as a menace to the European countries. Therefore, this paper aims to analyze the short stories "Praga" (1890) and "Os velhos" (1896), both by Coelho Neto, intending to exemplify how the Colonial Gothic takes place in the Brazilian sertão, and to understand in what way such literary trend manifests itself in Brazilian Literature.
O sertão constitui-se mais como uma "ideologia geográfica" do que como um espaço geograficamente limitado. Sua concepção é fugidia, dependente do contexto histórico e formulada a partir de uma perspectiva exógena: a do homem citadino. Nos fins do século XIX, a elite intelectual do Brasil, guiada pelos pensamentos positivistas de "ordem e progresso", voltou-se para o interior do país, vendo-o como uma ameaça ao desenvolvimento, pois se distanciava dos processos de modernização ocorridos no litoral. Reproduzindo essas ideias, muitos escritores da Literatura Brasileira tematizaram o sertão sob lentes urbanas, transformando-o em um espaço primitivo, supersticioso, habitado por uma população mestiça e selvagem. Não são raras as narrativas que descrevem o sertão como um locus horribilis, palco de atrocidades humanas e sobrenaturais, aproximando a literatura regionalista à poética gótica. Tais narrativas, que caracterizam o sertão como uma ameaça à ordem da cidade e ao homem urbano, possuem aspectos do denominado "Gótico Colonial", um desenvolvimento da literatura gótica que explora os medos e as ansiedades causados pelas culturas das colônias nas metrópoles. Neste artigo, os contos "Praga" (1890) e "Os velhos" (1896), ambos de Coelho Neto, serão analisados como demonstração das figurações do Gótico Colonial em terras sertanejas da literatura brasileira.