Fernando de Sousa Rocha
In this article I trace the re-emergence of the maternal voice, taking as a starting point the novel Angústia, by Graciliano Ramos, and focusing particularly on the short story ‘O apocalipse privado do tio Geguê’ by Mia Couto. In both texts, the protagonists/ narrators are orphans who are faced with a socio-historical environment to which they are almost absolutely averse. The existence of both borders on inexistence and, in this sense, the emergence of the maternal voice appears to be impossible, but, at the same time, inevitable. Amidst a multiplicity of sonic events, especially within the familial fabric, the emergence of the maternal voice becomes fundamental for the constitution of an in-process subjectivity, marked by otherness.
Neste artigo procuro retraçar o acontecimento da voz materna, partindo do romance Angústia, de Graciliano Ramos, e enfocando-me particularmente no conto ‘O apocalipse privado do tio Geguê’, de Mia Couto. Em ambos os textos, os protagonistas/ narradores são órfãos que se deparam com uma situação sócio-histórica quase absolutamente adversa. Suas existências margeiam a inexistência e, neste sentido, o aparecimento da voz materna parece ser impossível e, ao mesmo tempo, inevitável. Em meio a uma multiplicidade de eventos sônicos, particularmente dentro da trama familiar, o acontecimento da voz materna torna-se fundamental para a constituição de uma subjetividade em processo, marcada pela alteridade