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Neste trabalho, partindo do pressuposto da ausencia de modelos (Decca), da necessidade de pedir a benção (Süssekind) e das considerações de Jeremy Lehnen acerca da crise da masculinidade a partir da representação desta em dois romances de Daniel Galera, examinamos as figuras paternas fragmentadas e enfraquecidas delineadas nos romances Dois irmãos (2000), de Milton Hatoum, e O fotógrafo (2004), de Cristovão Tezza. Argumenta-se que a leitura dos dois romances de maneira comparativa e alegórica desvenda figuras paternas que em muitos momentos se assemelham, permitindo que se vislumbre um padrão. Embora tradicionalmente a figura paterna se associe a controle, autoritarismo e ordem, nos dois romances aquí analisados, ve-se que essas características relacionadas a um "paradigma masculino tradicional e hegemónico" (Lehnen 278) estäo enfraquecidas, quase apagadas. Isso é evidente porque nos romances as personagens paternas nao tém figuras com as quais aprender a como serem pais, falta-lhes um modelo. Ao mesmo tempo, porém, que se afastam desse paradigma, em alguns momentos sao atravessadas por rompantes deste, por exemplo, quando exercem sua autoridade por meio da agressão física (no caso de Halim de Dois irmãos). Além disso, uma vez que ambas as narrativas trazem em seu escopo fragmentos das ansiedades políticas de determinados períodos-em Dois irmãos, a ditadura militar brasileira (1964-85); e em O fotógrafo, a primeira eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, marcando uma mudança de modelo de governo na frágil e aínda adolescente democracia- , cré-se na possibilidade de leitura das figuras paternas associadas ao eterno questionamento acerca da identidade nacional brasileira, buscando respostas para a pergunta quem somos nós? a partir das afirmações e das negações dessas figuras, tanto como o reflexo dos pais acerca do exercício da paternidade quanto dos filhos em relação ao exercício de serem filhos ou se tornarem pais.
In this work, based on the assumption of the absence of models (Decca), the need to ask for blessing (Süssekind) and the considerations of Jeremy Lehnen about the crisis of masculinity from its representation in two novels by Daniel Galera, we examined the fragmented and weakened paternal figures outlined in the novels Dos irmãos [Two Brothers] (2000), by Milton Hatoum, and O fotógrafo [The Photographer' (2004), by Christopher Tezza. It is argued that the reading of the two novels in a comparative and allegorical way reveals paternal figures that in many moments resemble, allowing one to glimpse a pattern. Although traditionally the father figure is associated with control, authoritarianism and order, in the two novels analyzed here, it is observed that these characteristics related to a "traditional and hegemonic male paradigm " (Lehnen 278) are weakened, almost erased. This is evident because in the novels the paternal characters do not have figures with which to learn how to be parents, they lack a model. At the same time, nevertheless, those who depart from this paradigm, in some moments are crossed by disruptions of this, for example, when they exercise their authority through physical aggression (in the case of Halim in Two Brothers). Moreover, since both narratives bring in their scope fragments of the political anxieties of certain periods-in Two Brothers, the Brazilian military dictatorship (1964-85); And in The Photographer, the first election of Luiz Inácio Lula da Silva, in 2002, marking a change in government model in the fragile and adolescent democracy-, is believed in the possibility of reading the paternal figures associated with the eternal questioning about the Brazilian national identity, seeking answers to the question of who we are, based on the afflictions and the negations of these figures, both as the reflection of parents on the exercise of paternity and the children in relation to the exercise of being children or become parents.
