La investigación que realizamos sobre discursividades en la música argentina de tradición popular del siglo XX muestra la recurrencia de un tipo de figuración poética en la que alguna de las entidades personales presentadas aparece como siendo contemplada o percibida por objetos inertes del entorno o del paisaje. Entendiendo esa figuración como una modalidad específica de lo que la tradición retórica y estilística denominó como "prosopopeya" o "personificación", intentamos caracterizarla a partir de la enunciación, centrándonos en la problemática de las voces y perspectivas, lo que nos llevará a ubicarla en una tensión entre "personificación" y "reificación". Luego, a partir de un abordaje materialista del discurso, proponemos observar cómo participa ese tipo de figuración en diferentes procesos de regularización discursiva. Consideramos su recurrencia en la letrística de la música argentina con el objetivo de mostrar que, a pesar de que hay rasgos relativamente constantes que caracterizan formalmente esa figuración en el juego enunciativo, esta se integra con funciones distintas en procesos de regularización que obedecen a determinaciones sociohistóricas diferentes. Para ello, sintetizamos primero resultados de nuestra investigación más abarcadora, que tuvo el objetivo de caracterizar, en la primera etapa del movimiento musical y cultural que en Argentina fue recibiendo la denominación de "rock nacional", un proceso de regularización discursiva. Después, para fundamentar cómo se integran, en ese proceso de regularización, las ocurrencias de la figuración que son aquí nuestro foco, señalamos algunas diferencias con sus apariciones en el tango y mostramos los casos encontrados en el corpus del primer rock argentino, abordando analíticamente algunos de ellos. Nuestras conclusiones ubican la especificidad de esa forma de personificación/reificación en la etapa inicial de ese movimiento musical, en relación con las regularidades en las configuraciones de persona y escenografías predominantes en el mismo, y con los preconstruidos que les dieron base en el embate ideológico.
The study which we have carried out about discursivities in traditional popular Argentinian music in the 20th century shows the recurrence of a kind of poetic device in which some of the personal entities presented appear as if being contemplated or perceived by inert objects from the surroundings or from the landscape. Understanding this figure as a specific mode which the rhetorical and stylistic tradition has called “prosopopoeia” or “personification”, we have tried to characterize it based on the enunciation, focusing on voices and perspectives issues, which has made us locate it in a tension between “personification” and “reification”. Quite often, in a materialistic approach of discourse, we have proposed to observe how this kind of figure participates in different processes of discursive regularization. We have considered this recurrence in Argentinian music lyrics in order to show that, in spite of presenting relatively constant traces that formally characterize this figure of speech in the enunciative interplay, it integrates with different functions in regularization processes that respond to different sociohistorical determinations. For that, we have first summarized the results of our broad study, which had the goal to characterize, in the first stage of the cultural and musical movement called rock nacional in Argentina, a discursive regularization process. Then, in order to analyze how the figurative occurrences integrate, which is our focus here, we pointed out some differences in its occurrences in tango, and, after that, we mentioned the cases found in the first Argentinian rock corpus, analyzing some of them. Our conclusions locate the specificity of this personification/reification form in the initial stage of this musical movement in relation to the regularities in the person and scenography configurations which are predominant in it, and to the preconstructed presuppositions which have grounded it in the ideological conflict.
A pesquisa que temos realizado sobre discursividades na música argentina de tradição popular do século XX mostra a recorrência de um tipo de figuração poética em que alguma das entidades pessoais apresentadas aparece como sendo contemplada ou percebida por objetos inertes do entorno ou da paisagem. Entendendo essa figuração como uma modalidade específica do que a tradição retórica e estilística denominou como "prosopopeia" ou "personificação", tentamos caracterizá-la a partir da enunciação, centrando-nos na problemática das vozes e perspectivas, o que nos levará a localizá-la em uma tensão entre "personificação" e "reificação". Seguidamente, a partir de uma abordagem materialista do discurso, propomos observar como esse tipo de figuração participa de diferentes processos de regularização discursiva. Consideramos sua recorrência na letrística da música argentina com o objetivo de mostrar que, apesar de haver traços relativamente constantes que caracterizam formalmente essa figuração no jogo enunciativo, ela se integra com funções distintas em processos de regularização que obedecem a determinações socio-históricas diferentes. Para tanto, sintetizamos primeiramente resultados da nossa pesquisa mais abrangente que teve o objetivo de caracterizar, na primeira etapa do movimento musical e cultural que na Argentina foi recebendo a denominação de "rock nacional", um processo de regularização discursiva. Depois, para fundamentar como se integram, nesse processo de regularização, as ocorrências da figuração que aqui é nosso foco, apontamos algumas diferenças com suas ocorrências no tango, e mostramos os casos encontrados no corpus do primeiro rock argentino, abordando analiticamente alguns deles. Nossas conclusões localizam a especificidade dessa forma de personificação/reificação na etapa inicial desse movimento musical em relação com as regularidades nas configurações de pessoa e cenografias predominantes nele, e com os pré-construídos que lhes deram base no embate ideológico.