Ana Sofia Laranjinha
Dans la Istoria de las Bienandanças e Fortunas de Lope García de Salazar, Arthur et Charlemagne partagent des traits que l’historien a certes puisé dans ses sources, mais qu’il met en évidence par un tri très efficace de la matière à sa disposition. La construction de ces personnages souligne leur caractère exceptionnel et predestiné grace à certains motifs qui les distinguent et qui concernent non pas leurs actions héroïques, mais leurs origines troubles. Pourtant, se concentrant sur les fondations (des royaumes, des lignages et des héros), Salazar affirme les valeurs de la vieille noblesse et érige les deux souverains en modèles. Ainsi, l’écriture devient mise en ordre du monde et les rappels et répétitions qui relient ces deux figures sont des garants de leur historicité d’après la conception encore médiévale qu’en a Salazar.
Na Istoria de las Bienandanças e Fortunas de Lope García de Salazar, Artur e Carlos Magno partilham traços que remontam às fontes utilizadas pelo historiador, mas que são postos em evidência graças a uma escolha muito criteriosa da matéria disponível. A construção destas personagens sublinha o seu carácter excepcional e predestinado graças a certos motivos que os distinguem e que dizem respeito, não às suas acções heroicas, mas às suas origens problemáticas. Porém, concentrando-se nas fundações (dos reinos, das linhagens e dos heróis), Salazar afirma os valores da velha nobreza e glorifica os dois soberanos. Assim, a escrita torna-se ordenação do mundo e os paralelismos e repetições que ligam as duas figuras funcionam como garantes da sua historicidade, de acordo com a concepção ainda medieval que da História tem Salazar.