Luiz Fernando da Silva
This article discusses Latin American “structural dependence”. At least since the 1920s, this theme has enabled an axis of interpretations on social misery and economic retardment in the region. The main emphasis for this explanation was found in the subordination relations to the imperialist countries in alliance with the local “national” bourgeoisies. The topic today is rarely addressed in academic circles and even by a large part of the political left. The globalization did not eliminate the process of structural dependency but empowered it. It is not possible to consider such a phenomenon without also considering the so-called “progressive” governments, which developed in South America, starting in the late 1990s. The new forms of extractivism that expanded over huge territorial areas, with the sign of the mega mining and agricultural enterprises of international groups on the original peoples, peasants and quilombolas, gained new expansion in progressive governments. In this current period, the new right-wing and ultra-right governments are working to further deepen this dependency.
O presente artigo discute a “dependência estrutural” latino-americana. Apresento uma síntese da evolução desse tema no pensamento social crítico latino-americano, como também esboço alguns de seus traços atuais na realidade regional. Pelo menos desde a década de 1920, essa perspectiva analítica possibilitou um eixo diverso de interpretações sobre as desigualdades, miséria social e atraso econômico na região. A ênfase principal para essa explicação encontrou-se em torno das relações de subordinação aos países imperialistas em aliança com as burguesias “nacionais” locais. O tema na atualidade é pouco abordado nos meios acadêmicos e por grande parte da esquerda política na América Latina. A globalização não eliminou o processo de dependência estrutural, pelo contrário o aprofundou. Ao meu entender, não é possível considerar tal fenômeno sem considerar também os chamados governos “progressistas”, que se desenvolveram na América do Sul, a partir do final dos anos 1990. Esses governos não romperam ou minimizaram laços de dependência estrutural. Essa afirmação não é difícil de percebê-la na realidade social regional. As novas formas de extrativismo que se expandiram sobre enormes áreas territoriais, tendo como signo os megaempreendimentos de mineração e agropecuários de grupos internacional sobre os povos originários, camponeses e quilombolas, ganharam nova expansão nos governos progressistas. Nesse atual período, os novos governos de direita, ultradireita ou protofascista empenham-se no aprofundamento ainda maior dessa dependência estrutural.