Pedro Sepúlveda, Jorge Uribe, Ulrike Henny Krahmer
Este artigo pretende refletir, a partir de exemplos do tratamento de versões e variantes de publicações e listas de projetos na Edição digital de Fernando Pessoa: Projetos e publicações (pessoadigital.pt), sobre a importância da leitura desta obra a partir do modo como foi concebida e apresentada ao público pelo seu autor. Esta abordagem apresenta o poeta modernista português Fernando Pessoa (1888–1935) como autor de materiais específicos, que contrariamente ao mito de um poeta póstumo que recusava a publicação planeou editar os seus textos segundo certos moldes, variáveis ao longo do tempo, concretizando estes planos em diversas publicações. Na Edição digital é conferida particular atenção ao modo específico como cada texto foi publicado pelo autor, considerando as suas caraterísticas próprias enquanto peça bibliográfica. Na representação das publicações e dos projetos, a edição segue as normas da Text Encoding Initiative (TEI), beneficiando das possibilidades oferecidas para uma codificação detalhada de fontes bibliográficas, o estabelecimento de um texto crítico e uma codificação genética intratextual. Através do processamento digital dos testemunhos da obra pessoana, a mediação das ferramentas digitais conduz a uma maior proximidade dos leitores com a materialidade dos textos que compõem a obra, que é recriada num novo suporte.