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Vera Cruz, Portugal
La fructífera posteridad mitopoética de la figura de Juana de Arco, invocada en numerosos espacios y tiempos de creación, ha ido siempre acompañada de la proliferación de retratos oscilantes o incluso flagrantemente contradictorios de la doncella de Orleans. Personaje-emblema ideológicamente versátil, su presencia vestigial en la literatura portuguesa de los siglos xix al xxi, aunque intermitente, no deja de documentar los dispares usos religiosos, políticos o estéticos de la materia medieval, releída a la luz de diferentes modernidades, incluida la nuestra. A través del análisis de textos seleccionados de Eça de Queirós, Tomaz de Figueiredo, João Miguel Fernandes Jorge y Andreia C. Faria que revisan la figura de la Pucelle, se muestra que todas estas Juanas se inscriben más bien en el dominio de la historia de las ideas y de la fabricación imaginaria que en la biografía autorizada por la labor historiográfica.
The prolific mythopoetic posterity of the figure of Joan of Arc, invoked in numerous spaces and times of creation, has always been accompanied by the proliferation of oscillating or even flagrantly contradictory portraits of the maiden of Orléans. An ideologically versatile heroine, her vestigial presence in 19th-21st century Portuguese literature, even if occasional, allows us to document the disparate religious, political or aesthetic uses of medieval matter, reread in the light of different modernities, including our own. Through the analysis of selected texts by Eça de Queirós, Tomaz de Figueiredo, João Miguel Fernandes Jorge and Andreia C. Faria that revisit the figure of the Pucelle, we argue that all these Joans belong to the domain of the history of ideas and imaginary fabrication, rather than to biography accredited by historiographical work.
A fecunda posteridade mitopoética da figura de Joana d’Arc, convocada em inúmeros espaços e tempos de criação, foi desde sempre acompanhada pela proliferação de retratos oscilantes ou mesmo flagrantemente contraditórios da donzela de Orleães. Personagem-emblema ideologicamente versátil, a sua presença vestigial na literatura portuguesa dos séculos xix-xxi, ainda que intermitente, não deixa de documentar os díspares usos religiosos, políticos ou estéticos da matéria medieval, relida à luz das diferentes modernidades, incluindo a nossa. Através da análise de textos selecionados de Eça de Queirós, Tomaz de Figueiredo, João Miguel Fernandes Jorge e Andreia C. Faria, que revisitam a figura da Pucelle, demonstra-se que todas estas Joanas se inscrevem bastante mais no domínio da história das ideias e da fabricação imaginária do que da biografia autorizada pelo trabalho historiográfico.
