Canadá
The Angolan writer José Luandino Vieira was imprisoned by the Portuguese colonial regime from 1962 to 1972, first in a Luanda prison, then, after 1964, in the Tarrafal concentration camp on the island of Santiago. Most of Vieira’s fiction was written during his incarceration. His early stories and short novels presented the mixing of the Portuguese and Kimbundu languages in the poor musseques (Black townships) around Luanda as a potentially revolutionary idiom capable of forging the future Angolan nation. The present article argues that, due to external pressures that accumulated in 1968, Vieira’s short novel João Vêncio: os seus amores marks a watershed in its more free-flowing linguistic experimentation and its explicit account, glossed over by earlier criticism, of a homosexual male relationship. Through textual analysis and the study of intertextual references to the work of João Guimarães Rosa and Ernest Hemingway, this article establishes João Vêncio: os seus amores as both a pioneering work of gay fiction in Angolan literature and the necessary prelude to the books that Vieira would write during his final years in Tarrafal.
O escritor angolano José Luandino Vieira esteve preso pelo regime colonial português de 1962 a 1972, primeiro numa prisão de Luanda e depois, a partir de 1964, no campo de concentração do Tarrafal, na ilha de Santiago. A maior parte da ficção de Vieira foi escrita durante o seu encarceramento. Os seus primeiros contos e novelas apresentavam a mistura das línguas portuguesa e quimbundo nos musseques pobres em torno de Luanda como um idioma potencialmente revolucionário, capaz de forjar a futura nação angolana. O presente artigo argumenta que, devido a pressões externas que se acumularam em 1968, a novela João Vêncio: os seus amores marca um divisor de águas na sua experimentação linguística mais livre e no seu relato explícito, encoberto pelas críticas anteriores, de uma relação homossexual. Através da análise textual e do estudo de referências intertextuais às obras de João Guimarães Rosa e Ernest Hemingway, este artigo estabelece João Vêncio: os seus amores como uma obra pioneira de ficção gay na literatura angolana e como o prelúdio necessário aos livros que Vieira iria escreveu durante os seus últimos anos no Tarrafal.