Socorro, Portugal
The poetry of Portuguese author Eugénio de Andrade (1923-2005) was permeable to the influence of several national and foreign authors, as clearly reveal numerous traces of endoliterary intertextuality with Shakespeare, Keats, Whitman, or Stevens. However, the magnetism of one author –Fernando Pessoa (1888-1935)– and his heteronyms disturbed Eugénio de Andrade. How could the young poet be original and have his voice heard in a polyphony dominated by Pessoa’s chant? In this article, I examine the anxiety of influence felt by Eugénio de Andrade, as well as the strategies he employed to resist the seduction of Pessoa’s multifaceted oeuvre. To accomplish my objective, I resort to examples and quotations from Eugénio de Andrade’s poetry, and also from the three books of chronicles, memories and interviews Os Afluentes do Silêncio (1968), Rosto Precário (1979), and À Sombra da Memória (1993); to the opinion of reputed specialists in the writings of Eugénio de Andrade and Fernando Pessoa; and to the studies of Harold Bloom on the anxiety of influence. I intend to study the influence of Pessoa in the work of one of the most celebrated and widely translated contemporary Portuguese poets, Eugénio de Andrade.
A poesia do autor português Eugénio de Andrade foi permeável à influência de diversos escritores nacionais e estrangeiros, como claramente revelam numerosos traços de intertextualidade endolitária com Shakespeare, Keats, Whitman ou Stevens. Contudo, o magnetismo de um autor –Fernando Pessoa– e seus heterónimos inquietou profundamente Eugénio de Andrade. Como poderia o jovem poeta ser original e fazer ouvir a sua voz única, numa polifonia dominada pelo canto de Pessoa? Neste artigo, examino a ansiedade da influência sentida por Eugénio de Andrade, bem como as estratégias que utilizou para resistir à sedução da obra multifacetada de Pessoa. Para tanto, recorro a exemplos e citações extraídos da poesia, e também dos três livros de crónicas, memórias e entrevistas de Eugénio – Os Afluentes do Silêncio (1968), Rosto Precário (1979), e À Sombra da Memória (1993); à opinião de especialistas reputados no trabalho de Eugénio de Andrade e Fernando Pessoa; e aos estudos de Harold Bloom sobre a ansiedade da influência. Pretendo, pois, contribuir com um estudo que ajude a determinar a presença de Pessoa na obra de um dos poetas portugueses mais celebrados, Eugénio de Andrade.