Estados Unidos
Através das análises dos filmes documentais Um passaporte húngaro (2001), Elena (2012) e Os dias com ele (2013) demonstramos como as cineastas, ao desdobrarem-se também como personagens em seus filmes, rompem com uma prática de representação de alteridades no cinema. As práticas autoritárias da representação do outro são desmontadas a partir do deslocamento de perspectiva adotado, da valorização da história em “h” minúscula frente àquela oficial, frequentemente autoritária. Nossa contribuição reside na análise de como a presença física dessas diretoras no espaço diegético de seus filmes desestruturam discursos hegemônicos, construindo novas estratégias na reconstrução de memórias privadas e políticas. Ao articular o individual dentro do campo cinematográfico, essas cineastas atualizam o preceito feminista de que a esfera privada é expressivamente política; ao fazê-lo, elas também se consolidam como sujeitos-criadoras apoderando-se de uma autoridade dentro da indústria cenográfica nacional, lugar onde a participação de mulheres e o reconhecimento por suas obras ainda é restrito.